Trip to Gorodets

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A roda

por Jealva Ávila

Mas como chora esta mulher!

Esse foi o meu primeiro pensamento ao vê-la de pé, de mãos dadas a outras mulheres que formam uma roda. Era baixa e magra, do tipo mignon, de pele clara e bem cuidada, que escondia sua idade — aparentava ter entre trinta e trinta e cinco anos, mas poderia ter quarenta ou quarenta e cinco. Vestia uma saia comprida, rodada, com estampas em flores azuis.

Ela chorava de forma discreta e contínua e isso chamou minha atenção — pareceu-me um personagem oprimido de algum romance do século XIX. Olhei as outras pessoas que compunham a roda e me dei conta que eu estava fora da minha realidade. Era um encontro só para mulheres e, devo confessar, já havia sido convidada diversas vezes e, até então, recusado.

Eu me sentia uma intrusa observando os rituais de confraternização e trabalhos orientados ao autoconhecimento. Creio que éramos mais de quarenta, em idades que variavam de trinta a setenta anos. Algumas já se conheciam e formavam pequenos grupos durante o intervalo das atividades. Outras, como eu, observavam, sorriam e trocavam cumprimentos superficiais.

A mulher das flores azuis chorava em silêncio e não tentava conter o choro, apenas secava as lágrimas que escorriam pela face. A ponta do nariz trazia um vermelho rosado e seus olhos, sem maquiagem, estavam inchados. Sua boca trêmula às vezes expressava um breve sorriso, enquanto tomava um pouco de ar entre uma e outra respiração mais profunda. Não ouvi sua voz, mas senti o toque de suas mãos quando a grande roda se transformou em duas, fincando uma dentro da outra, semelhante a dança de festas juninas. A roda girou e, ao parar, ficamos frente a frente, mãos dadas, olhos nos olhos, como num espelho. Fitei o castanho escuro de sua íris e percebi um poço de aflição. A roda girou e ela caminhou. Pelo canto do olho, observei admirada a paciência da senhora que conduzia os trabalhos, ao tempo que acalentava a alma da pobre mulher, passando-lhe as mãos pelos cabelos, um gesto de carinho.

Enganei-me acreditando que nunca mais a veria e que nunca mais voltaria àquele lugar. Pura ilusão! Se foi por curiosidade ou por educação, não sei ao certo, mas acabei por aceitar outros convites e retornei aos encontros mais quatro vezes. Em todas, ela estava lá, vestindo longas saias estampadas e chorando de forma discreta.

Adentrei na roda pela segunda vez já procurando por ela. Nossos olhos se encontraram em um cumprimento terno, porém distante — meras desconhecidas num mesmo ambiente. Ela vestia tons de rosa e marrom, o que dava impressão de que estava derretendo, como se fosse uma boneca de cera exposta ao sol ou um sorvete de chocolate com morango em uma tarde quente de verão. Eu não parava de pensar qual seria o motivo do choro. Luto? Perda? Abandono? Traição? É interessante como a nossa mente discorre sobre a vida e sentimentos dos outros. Meus pensamentos se atropelavam na tentativa de descobrir se ela chorava a morte de alguém, ou o fim de seu casamento ou se havia sido diagnosticada com alguma doença incurável. Pensamentos e perguntas sem respostas, apenas divagações.

Na minha terceira participação senti raiva ao vê-la chorar. Perguntava-me o que leva uma pessoa a escolher passar um dia inteiro chorando? Autopunição? Que sentimento de culpa poderia levá-la a escolher estar ali? Eu não conhecia sua realidade nem suas dores, mas também não conseguia compreender o que ela fazia ali, naquele lugar, se expondo diante de tantas mulheres. Supus que ela não sentia um pingo de vergonha nem estava constrangida. Ainda não sei dizer se isso é um sinal de confiança ou esperança.

A última vez que a vi, foi o dia em que ela levou a filha. Eram parecidas e chegaram de mãos dadas. A garota tinha um sorriso estampado no rosto e não carregava medos ou angústias. Fiquei triste ao pensar que aquele sorriso poderia não existir ao final do dia.

Dispensei o café e sai à francesa.

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